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Estas foram algumas das perguntas que eu me coloquei há alguns anos atrás, após ter sido diagnosticada com artrite reumatóide. Mesmo após ter iniciado a cura natural com foco numa alimentação ancestral e estar a ter resultados promissores, eu continuava a debater-me com crises de dor de tempo a tempo, com falta de motivação e de energia o que me levava a boicotar o que sabia ser bom para mim.
Foi então que eu descobri o Mindfulness, através da Mikaela Övén, e me dediquei de forma mais consciente à minha gestão emocional. Conceitos como plena consciência, aceitação, não julgamento e confiança começaram a fazer parte da minha rotina e ajudaram-me a ver a minha vida noutra perspetiva: no MOMENTO PRESENTE.
O Mindfulness é uma prática que tem as suas origens no budismo. Nas culturas orientais são praticadas diversas formas de meditação para alcançar um estado de relaxamento. O Mindfulness é uma forma de meditação que foi adaptada no Ocidente para potencializar estados de relaxamento e ajudar a resolver problemas de ansiedade, stress e depressão. Em 1979, começou a ser utilizado de forma terapêutica pelo Dr. Jon Kabat-Zinn e pelos seus colegas na Clínica de Redução de Stress da Universidade de Massachussets, através do programa MBSR (Mindfulness-Based Stress Reduction).
O Mindfulness pode ser considerado um estilo de vida que nos remete para a observação consciente do momento presente sem julgamentos e com compaixão levando-nos a estarmos conscientes do que se passa no nosso corpo, na nossa mente, nos nossos pensamentos e nas nossas emoções. Na prática convida-nos a prestarmos atenção à nossa respiração e aceitarmos as nossas sensações e pensamentos deixando-os seguir o seu caminho.
Convida-nos a sair do modo piloto automático, sem consciência, e a passar para o modo SER, com consciência.
O modo piloto automático está muitas vezes presente nas nossas tarefas diárias como quando conduzimos, quando cozinhamos, quando estamos com os nossos filhos ou em situações em que nos sentimos ansiosos e falamos apenas para não lidar com o silêncio sem consciência do que estamos a dizer.
Ao integrar o Mindfulness, aprendemos a direcionar INTENCIONALMENTE a nossa mente para o momento presente e explora-lo com abertura, seja ele um momento que consideramos bom ou mau, ao desenvolver uma atitude de tolerância e de paciência permitindo-nos assim sentirmos menos frustração e expetativa, sentimentos que estão na base da ansiedade e do stress.
Ao tomarmos um café por exemplo, podemos escolher praticar Mindfulness. Basta permitirmo-nos prestar atenção ao ato de tomar o café sem procurarmos emitir qualquer julgamento sobre a experiência em si, sem distrações, sem nos focarmos nas tarefas ou compromissos do nosso dia, sem estarmos agarrados ao que possa ter acontecido ou possa acontecer. O convite passa por tomarmos o café e focarmo-nos na experiência através dos nossos sentidos e das nossas sensações corporais, prestando atenção aos sabores, à textura, à temperatura do café e do ambiente, aos ruídos sem no entanto julgarmos. Não se trata de pensar se o café está quente ou não, mas de perceber a realidade com os sentidos. O convite passa também por nos concedermos esse momento para respirarmos com calma e tomarmos consciência dos pensamentos presentes aceitando-os e deixando-os fluir.
Esta prática de Mindfulness pode ser aplicada a qualquer atividade diária à qual nos escolhemos entregar intencionalmente, enquanto tomamos banho, cozinhamos, cantamos, fazemos o percurso casa-trabalho-casa, fazemos amor, estamos com os nossos filhos, etc. É um estado sem expetativa, no qual não procuramos obter alguma coisa mas apenas SOMOS.
Aqui será importante percebermos a diferença entre o modo FAZER e o modo SER. O modo FAZER é um estado orientado para um objetivo, para a resolução de um problema. Permite-nos orientar as nossas ações para atingir um resultado. No entanto quando este modo é constantemente usado, podemos sentir que os nossos recursos internos se esgotam e que já não temos acesso a eles em determinados momentos, boicotando assim a chegada ao objetivo. Por exemplo, no caso de uma pessoa que quer perder peso, o modo FAZER pode tornar-se muito desgastante a nível emocional e retirar a energia necessária para conseguir realmente perder peso. Ao integrar o Mindfulness, permitimo-nos aceitarmos quem nós somos e como somos sem julgamentos nem expetativas. A partir desse estado, é-nos mais fácil acedermos aos recursos necessários para avançarmos um passo de cada vez de forma consciente.
Ao sermos mindful, criamos um momento de pausa, uma abertura relativamente às coisas tal como elas são, à experiência no seu todo e deixamos ir as nossas crenças e os nossos pensamentos sem nos agarrarmos a eles. Aprendemos a conhecermo-nos melhor, através dos nossos pensamentos, das nossas emoções e das nossas sensações, e a conectarmo-nos com o mundo que nos rodeia.
Um outro benefício do Mindfulness prende-se com a neuroplasticidade do nosso cérebro que defende que este pode ser modelado pela nossa experiência. Ao praticarmos diariamente Mindfulness permitimos que novos circuitos neuronais se desenvolvam e que outros enfraqueçam tendo grande impacto na forma como encaramos e lidamos com o que acontece no nosso dia-a-dia, diminuindo assim estados de transtorno mental e ajudando na saúde mental e física.
Vamos viver um momento, um dia, uma semana e uma vida mindful!
Autora:
Elisabete Dias
Coach de relacionamentos