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Deixamos os nossos pensamentos vaguearem por algo que aconteceu ou que está prestes a acontecer, por uma decisão que precisamos de tomar ou pelas tarefas que ainda faltam fazer, pelo que sentimos face à uma conversa que tivemos ou face à uma chamada que aguardamos…
E neste entretanto o nosso filho continua perto de nós, os minutos passam e de repente já são horas de passar ao compromisso seguinte e de pôr o nosso “tempo para o meu filho” em stand-by… Quantas vezes isso me aconteceu! E quantas vezes, nesses momentos, o meu filho iniciou uma birra que eu nem sequer percebia… eu estava com ele, o que ele precisava mais?
Quando eu escolho estar presente para o meu filho, eu escolho entregar-me de corpo, coração e mente para ele com uma intenção clara do que eu quero para esse momento.
Hoje partilho alguns passos que me permitem a mim estar verdadeiramente presente com os meus filhos.
Quando definimos uma intenção, permitimos tomar consciência do que é mais importante para nós neste momento. Essa intenção serve de orientação para nos mantermos focados e atentos ao que queremos. No entanto, definir uma intenção não deve ser entendida como definir uma expetativa. Quando definimos uma expetativa, ligamo-nos a algo que muitas vezes está fora do nosso controlo, e por isso nada podemos fazer para que as coisas aconteçam como nós idealizámos, podendo levar-nos a sentirmo-nos desiludidos e frustrados. Uma intenção depende de nós, uma expetativa pode depender também do outro.
Por exemplo, se queremos passar um momento agradável com o nosso filho, a nossa intenção poderá ser: “Eu quero estar totalmente presente neste momento”. Seguindo esta intenção como orientação, eu sei que irei fazer o que é necessário para estar presente física e emocionalmente: desligar ou colocar em silêncio o telemóvel, desligar a televisão ou afastar-me de algo que me possa distrair, estar atenta e disponível mesmo se uma birra surgir, manter-me calma e tranquila mesmo num momento de tensão, etc.
Pelo contrário, se eu me ligo apenas a uma expetativa, eu poderei por exemplo definir algo do género: “Eu quero um momento sem birras”; “Eu quero construir este puzzle com o meu filho”, etc. Em ambos os casos está fora do meu controlo se vai haver birras ou se o meu filho vai querer fazer o puzzle até ao fim. Se eu me ligar demasiado às minhas expetativas, o mais certo é que eu perca rapidamente a calma, que me culpe ou culpe o meu filho e me arrependa até de me ter entregue a esse momento tão desejado.
Seja qual for a nossa idade, já todos fomos crianças e sabemos o quanto imaginativos, criativos, perseverantes e incansáveis conseguíamos ser 🙂
Tira um tempo para recordares brincadeiras que costumavas fazer, momentos com os teus pais que significaram muito para ti (o que viste, o que ouviste, o que sentiste?) e foca-te na tua respiração à medida que recordas esses momentos e as sensações que os acompanharam. Ao praticares diariamente esta espécie de auto-hipnose regressiva, permitirás dar vida e voz à tua própria criança interior, teres mais compaixão relativamente ao teu filho e entendê-lo melhor.
Um pai ou uma mãe que escolhe não verificar constantemente o seu telemóvel e que se foca na sua família emite uma mensagem poderosa e positiva aos seus filhos: estão em segurança, são amados, fazem parte de uma família onde a conexão é valorizada, onde as relações humanas são mais importantes do que as relações virtuais. Infelizmente, hoje em dia, torna-se cada vez mais difícil para muitas pessoas resistir à tentação de verificar o seu telemóvel ou de responder prontamente a chamadas, mensagens, notificações nas redes sociais, etc.
Contudo, é importante ter em mente que quando os adultos dão primazia à vida virtual, os filhos tendem a imitá-los, passando a mensagem que o mundo virtual é deveras interessante e traz conforto sendo mais importante do que as interações humanas e reais. A longo prazo, o resultado pode refletir-se negativamente nos laços familiares. As crianças podem começar a sentirem-se sós e afastadas, com as suas necessidades básicas de afeto, presença, conexão e amor não atendidas, levando-as a procurar o que está em falta noutros lugares físicos ou virtuais.
Da mesma forma, as crianças podem querer chamar a atenção dos pais à sua maneira, dando origem a birras, a gritarias, às brincadeiras “estúpidas”, a comportamentos insolentes e desrespeitosos, etc. Quando nós próprios adultos queremos chamar a atenção de alguém que não nos liga, o que fazemos?
Torna-se por isso fundamental tirarmos momentos “OUT” mesmo que isso signifique colocar esses momentos na nossa agenda para garantir que a prioridade seja realmente dada aos nossos filhos, sem interrupções e com atenção e presença plena. Cada família tem o seu ritmo e os seus compromissos e saberá escolher o melhor momento para que diariamente haja um tempo de verdadeira conexão: no caminho casa-escola / escola-casa, a partir ou durante uma certa hora, etc.
Idealmente, os momentos de refeição, do banho, de deitar serão melhor aproveitados sem tecnologia pelo meio.
Os filhos exigem constantemente a nossa presença, qualquer momento é bom para estarem e brincarem com os pais. O importante é comunicarmos de forma honesta o que queremos num dado momento.
Usa a linguagem pessoal (isto é, fala na primeira pessoa: EU), explica por que razão este momento pode não ser o ideal para estar com o teu filho (“estou a acabar um trabalho importante e preciso de mais 15 minutos”, “estou à espera de uma chamada de um cliente meu e preciso de estar atento ao telemóvel até ele ligar”, etc) e principalmente dá-lhe opções ou negoceia qual será o melhor momento. O importante é que quando estás com o teu filho, te entregas totalmente e estejas disponível e atento a tudo o que possa surgir.
De nada serve anteciparmos o que pode correr menos bem, birras que possam surgir, emoções que não conseguimos controlar… Nada é mais poderoso que o momento presente!
Em vez de te perderes em pensamentos que só te ajudam a teres menos paciência, observa o teu filho, as suas habilidades, o sorriso dele, a forma dele te transmitir o que ele precisa… Observa-te também a ti, a tua respiração, as tuas sensações corporais, as tuas emoções presentes… Aproveita cada momento que te é dado para passares o tempo que escolheres com o teu filho, tendo consciência que esses são os momentos que te permitem conectares-te com ele, conhecê-lo melhor, e que ficam gravados na memória e no coração.
Um abraço de coração,
Elisabete Dias