Foi no auge da minha juventude que surgiram as primeiras dores da artrite reumatóide. Tinha sido saudável até aquele momento e não sabia bem o que estava a acontecer.
Em poucos meses as dores e a rigidez matinal começaram a limitar o movimento de todo o meu corpo. Levantar-me de manhã era o pior momento do dia. Começar a mexer as mãos exigia um esforço tremendo e haviam dias em que colocar os pés no chão já era um sacrifício.
As coisas simples do dia-a-dia, que sempre dei por garantidas, começaram a ser um grande desafio. Nunca me tinha passado pela cabeça que abrir uma torneira ou até uma porta fosse algo que eu tivesse de fazer com tanta dor.
Perguntava porquê que aquilo me estava a acontecer, passava dias na cama a chorar e tinha muito medo do futuro. Pensava "Será que vou ficar dependente de outras pessoas?" , "Será que poderei ter filhos?", "E se o meu namorado não quiser estar com alguém como eu?".
Fui de médico em médico e todos diziam que era uma doença crônica para toda a vida e a única coisa a fazer era gerir os sintomas da doença com os medicamentos.
Apesar do medo de tomar comprimidos para toda a vida, fui obrigada a aceitar para ter alguma qualidade de vida e para travar a doença que estava a avançar muito rapidamente.
Vi o meu poder pessoal a ser-me retirado completamente, não havia nada que eu pudesse fazer para que a doença desaparecesse e uma profunda tristeza ocupou-se de mim.
Fui aceitando a doença mas ela estava bem presente no meu dia-a-dia porque os medicamentos não me retiravam as dores completamente e também não estavam a travar a sua evolução.
Em 2009 acordei um dia com a vista direita inflamada e assim permaneceu por mais de 6 meses. Segundo os vários especialistas que consultei, era mais um sintoma da doença. Fiquei assustadíssima! Pensava que a artrite afetava apenas as articulações e quando a médica me disse que poderia afetar qualquer órgão do corpo, fiquei com muito medo do que poderia fazer à minha visão.