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Olharmos para nós como olhamos para um amigo e confortarmo-nos como confortamos um amigo quando ele precisa. O nosso mundo seria totalmente diferente e diferente para melhor. Este artigo, tirado do blog blogs.psychcentral.com e traduzido de forma livre, fala sobre a autocompaixão e sobre os seus benefícios.
Estamos constantemente a falar connosco próprios. Muitas vezes não temos consciência disso mas a verdade é que interfere diretamente com os nossos pensamentos, emoções e ações, reflete as nossas crenças.
A Dra. Mari Kovanen (www.drmarikovanen.co.uk) explica como devemos usar a autocompaixão para mudar o nosso diálogo interno negativo, aprendermos a não nos julgarmos e a melhorar a imagem que temos de nós próprios.
“Sou muito gorda. Sou muito alta. Não sou suficientemente inteligente. Não ganho dinheiro suficiente”, etc.
Estes comentários podem ser devastadores para o teu bem-estar. Fazem com que te vejas pequeno e incapaz. Podem mesmo conduzir a estados de ansiedade e de depressão ou fazer com que te comportes de uma forma da qual te arrependerás mais tarde.
Neste âmbito, é importante compreender o que é a autocompaixão e perceber quais os seus benefícios para melhorar a relação que manténs contigo mesmo.
Para conseguirmos deixar de falar negativamente com nós próprios, devemos perceber primeiro de onde vem o hábito da autocrítica.
Através das interações com os nossos pais e cuidadores durante a nossa infância, desenvolvemos a nossa percepção do eu e a nossa auto-estima. Durante a tua vida, alguns adultos podem ter repetido certas afirmações ou ter comunicado de forma não-verbal algo que te fez sentir envergonhado, como se não estivesses à altura. Muitas vezes isso acontece por falta de autoconsciência por parte deles.
Por outro lado, presenciar um dos pais a criticar-se continuamente ou a viver num ambiente hostil também pode contribuir ao desenvolvimento da autocrítica punitiva. As crianças fazem o seguinte raciocínio “sinto-me mal; isto significa que sou mau”, e acabam por atribuir eventos negativos a si mesmos. Estes sentimentos mantêm-se até à idade adulta se não houver experiências corretivas.
Se vives com um sentimento de vergonha tóxica, poderás procurar controlar isso através de padrões exigentes e elevados aos quais te submetes, tornando-te num perfeccionista por exemplo. Isso pode ser favorável na escola ou no trabalho mas deixa-te exausto, ansioso e até depressivo a longo prazo. Repetir afirmações de autocrítica enquanto adulto é repetir a vergonha experienciada numa outra altura. Poderás ficar preso a esse hábito e continuar a criticar-te por não atenderes às expectativas e aos padrões irrealistas a que te propões.
Exercício:
Pensa nas origens da tua autocrítica. Ouve as afirmações que repetes para ti mesmo, podes mesmo apontá-las num papel, e tenta identificar qual a origem. Se conseguires por exemplo identificar uma pessoa que costumava criticar-te, localiza a zona do corpo onde esta afirmação se faz sentir e fica atento ao que sentes. Coloca uma mão nessa zona do corpo. Agora imagina que arrancas essa crítica do teu corpo e a envias de volta à pessoa que a proferiu; essa crítica pertence a essa pessoa, não a ti. Observa como te sentes após teres-te libertado dessa crítica. (Opinião pessoal: nós temos o poder de controlar o efeito que as palavras e as críticas dos outros têm em nós).
De acordo com a Dra. Kristin Neff, a autocompaixão baseia-se em 3 conceitos.
Bondade: Torna-te no teu melhor amigo; procura ser compreensivo e bondoso contigo quando te deparas com dificuldades. É importante perceber que ser imperfeito, errar e ter dificuldades faz parte do dia-a-dia. Por isso, deves procurar mostrar tolerância e bondade para contigo em momentos difíceis em vez de te criticar negativamente.
Dica: Imagina como faria um amigo teu que quisesse dar-te conforto num momento difícil da tua vida?
Humanidade comum: A autocompaixão inclui o conceito que sofrer e ter dificuldades fazem parte da vida de qualquer ser humano. Ninguém está só, poderá haver pessoas que estejam a enfrentar dificuldades similares às tuas perto de ti. Por isso, a autocompaixão ensina-nos a ver o nosso sofrimento como parte da experiência universal.
Mindfulness: Muitos estudos mostraram que estar consciente dos nossos sentimentos e da nossa experiência física (as emoções são experienciadas no corpo) é benéfico para o nosso bem-estar. A autocompaixão inclui seres curioso e reconhecer as tuas emoções, visto serem mensagens importantes sobre como te sentes e como as tuas necessidades estão a ser atendidas. A melhor forma para estares atento aos teus sentimentos, é observá-los sem julgá-los ou sem tentar alterá-los.
Dica: Cria afirmações de apoio que possas repetir para ti mesmo quando fazes uma autocrítica. Por exemplo, “é normal sentir X, quando eu experiencio Y.”
Ao praticar a autocompaixão, retiras poder à autocrítica. É um processo que pode levar algum tempo a ser interiorizado por completo, mas sê paciente contigo mesmo.
De acordo com a Dra. Kristin Neff, existem muitas crenças relacionadas à autocompaixão que podem fazer com que desistas de praticá-la. Podem ser crenças do género:
“Vou me tornar egoísta e não terei os outros em conta.” A autocompaixão não é estar completamente absorvido por si mesmo mas é dizer “Sou igual aos outros e mereço ser tratado com bondade.”
“Se eu sentir compaixão por mim, vou me tornar preguiçoso.” A Dra. Neff argumenta que a autocompaixão permite sentires-te motivado de forma mais positiva para atingires os resultados pretendidos que se fosse através de autocrítica punitiva. Além disso, quando és bondoso para contigo, concentras toda a tua energia nos objetivos a que te propões em vez de desperdiçar essa energia na autocrítica. Caminhar em direção a objetivos impossíveis e com autocrítica é exaustivo.
“Vou acabar por sentir pena de mim.” A Dra. Neff sugere que a autocompaixão não é deixar-se envolver pelas dificuldades, mas sim aceitar que fazem parte da vida de cada um. Por isso, as pessoas que sentem compaixão por si mesmo são pessoas focadas em ter uma vida mais feliz.
Praticar a autocompaixão pode alterar o teu mundo. Quando és bondoso contigo em vez de crítico, o teu mundo torna-se num mundo muito mais agradável para se estar. Assim, é possível despertares não só pessoalmente mas nas relações também, por não seres tão exigente contigo mesmo e se calhar com os outros também. A autocompaixão ajuda-te a conhecer as partes mais desconfortáveis que fazem parte de ti o que te permitirá uma existência mais pacífica, já que o que tu experienciares, por mais vergonhoso que seja, será encarado com curiosidade e bondade.
Autora:
Elisabete Dias